quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Era Vargas

Revolução de 30

            Em  1929 ocorreu uma grave crise econômica nos EUA,  devido a super produção de bens de consumo  e pela especulação financeira da Bolsa de Valores  de Nova York. A crise mundial atingiu diversos países capitalistas inclusive o Brasil.

           Com a crise de 29 o preço internacional do café, que era o principal produto de exportação do Brasil, despencou e muitos fazendeiros e empresários foram à falência.

          Na Republica Velha  o presidente costumava ser eleito por um acordo entre o PRM ( Partido Republicano Mineiro)  e o PRP ( Partido Republicano Paulista), a famosa  Política do Café com Leite. Entretanto naquele horrível momento de crise o pacto entre paulistas e mineiros foi rompido.

       O presidente da republica Washington Luis pertencia ao PRP, quando as eleições aproximaram-se  ele  se recusou a apoiar o candidato mineiro Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, que era o governador de Minas Gerais, e indicou Julio Prestes a presidência do Brasil.  Indignados, os mineiros do PRM juntaram-se  à oligarquia gaucha, que era a terceira mais forte do país, e a Paraíba  formando a Aliança Liberal que lançou o nome do governador gaucho  Getúlio Vargas  para presidente da República e do governador paraibano João Pessoa para vice-presidente.
       Getúlio Vargas e os membros da Aliança Liberal buscaram apoio da população, fazendo discursos contra as oligarquias e propondo a criação de leis trabalhistas e do voto secreto. Todavia, na época, a “popularidade” não era suficiente para ganhar uma eleição devido às fraudes eleitorais que eram constantes. Por este motivo tanto o lado paulista de Julio Prestes quanto o da Aliança Liberal de Vargas  optaram por  falsificar o resultado  das eleições. No final venceu quem manipulou mais: o candidato Júlio Prestes.

       A notícia da vitória do PRP caiu  como uma bomba no meio da população. Nas cidades, o caos se instalava, muitos operários ficaram desempregados, os sindicatos se agitavam, e os comunistas ganhavam cada vez mais adeptos. Diante disso, o líder do PRM Antonio Carlos Andrada declarou que era preciso fazer a revolução antes que o povo a fizesse.  Percebeu querido leitor?  O intuito da Aliança Liberal era preservar os privilégios da minoria! Para isso, a elite resolveu conceder alguns direitos aos trabalhadores.

      Por questões pessoais, o candidato a vice-presidente João Pessoa foi assassinado no dia 26 de julho de 1930. Porém muitas pessoas acreditaram que  o crime ocorrera por motivos políticos nacionais. Os membros da Aliança Liberal aproveitaram o acontecimento para iniciar uma revolta contra o presidente Washington Luís. Os rebeldes liderados por Vargas  receberam o apoio do exercito e partiram em direção ao Rio de Janeiro de onde saíram vitoriosos. A revolução de 30 triunfou e Getúlio Vargas se tornou o novo presidente do Brasil.


Fonte: História para o Ensino Médio Brasil e Geral
( Gilberto Cotrim)
     

Governo Provisório (1930-1934)



       Após assumir o poder Getúlio Vargas tomou uma série de medidas para controlar a situação política do país dentre as quais podemos citar: o fechamento do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras Municipais; a suspensão da Constituição de 1891;  além disso os governadores foram destituídos; no lugar deles Vargas nomeava interventores com o intuito de desestruturar as oligarquias da Republica Velha.

       Para enfrentar o governo de Getúlio Vargas, a oligarquia paulista do PRP criou uma frente única com o PD (Partido Democrático)  que tinha apoiado a revolução de 30 porém  estava aborrecido com a nomeação  do interventor João Alberto Lins  para governar são Paulo. Os membros da oposição política de são Paulo requeria a nomeação de um interventor  civil paulista.Cedendo as pressões , Vargas nomeou Pedro de Toledo como interventor de São Paulo. Não satisfeita, a oposição paulista passou a exigir a convocação de uma assembléia constituinte para elaborar a nova constituição do país e novas eleições.

        Em maio de 1932, durante uma manifestação publica contra o governo federal, os estudantes:   Martins,Dráusio, Camargo e Miragaia  foram executados em um conflito de rua. Com as iniciais de seus nomes formou-se a sigla MMDC que se tonou símbolo do movimento constitucionalista.

 No dia 09 de julho de 1932, explodiu a revolução constitucionalista que acabou três meses depois com a vitória do governo de Getúlio Vargas que em seguida garantiu a realização de eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, que se encarregaria de elaborar a nova constituição.



       No dia 16 de julho de 1934 terminou o trabalho da Assembléia  e foi promulgada a nova Constituição do Brasil, cujos principais pontos eram:
*Voto secreto: a eleição dos candidatos aos poderes executivo e legislativo  passou a ser feita pelo voto secreto. As mulheres adquiriram o direito ao voto, entretanto,  analfabetos, militares até o posto de sargento e mendigos não podiam votar.

*Nacionalismo econômico: proteção das riquezas naturais do Brasil, como jazidas minerais, quedas d’água capazes de gerar energia e outras.

*Direitos trabalhistas: reconhecimento dos direitos trabalhistas fundamentais, como salário mínimo, jornada de trabalho não superior a oito horas diárias, indenização na demissão sem justa causa, férias anuais remuneradas, e proibição do trabalho de menores de 14 anos.



A Constituição de 1934 estabelecia que, após sua promulgação, o primeiro presidente da Republica seria eleito de forma indireta, pelos membros da Assembléia Constituinte. Getúlio Vargas foi o vitorioso, iniciando seu mandato constitucional.

Fonte: História para o Ensino Médio Brasil e Geral
( Gilberto Cotrim)

         


Governo Constitucional (1934-1937)



         Nessa fase do governo de Getúlio Vargas, dois grupos políticos, com ideologias  completamente diferentes foram formados, são eles: grupo integralista e o aliancista.

         Os integralistas inspiraram-se nos fascistas  europeus tanto no modo de se vestir , quanto em seus rituais. Seguiam o lema “Deus, pátria  e família”, vestiam fardas verdes e saudavam o chefe com o brado “Anauê!”

          Os integralistas defendiam o combate ao comunismo, a disciplina e a hierarquia dentro da sociedade, o nacionalismo exacerbado, a entrega do poder a um único chefe integralista e  a censura às atividades artísticas. No início Vargas mostrou simpatia pelos integralistas e muitos de seus assessores eram simpatizantes do fascismo europeu.

          Em resposta às nuvens verdes do integralismo,  foi criada uma frente popular que ficou conhecida como Aliança Nacional Libertadora ( ANL), esse grupo era composto em sua maioria por comunistas, social democratas, anarquistas  e tenentes com idéias de esquerda.



          Os aliancistas  defendiam a nacionalização das empresas estrangeiras, realização de reforma agrária, dando terra aos trabalhadores do campo e  combatendo o latifúndio, não pagamento da divida externa brasileira, e garantia das liberdades individuais.

           A ANL cresceu rapidamente contando com mais de 6 mil sedes espalhadas pelo por todo o Brasil, temendo a expansão dos aliancistas, Vargas proibiu  o funcionamento da ANL e  suas sedes foram fechadas  e lacradas. Quem tentasse organizá-la  clandestinamente seria  preso. Indignados  os aliancistas começaram a conspirar contra o governo todavia foi tudo mal planejado! Em 1935 a rebelião estourou  mas ficou restrita a uns poucos quartéis em Natal, Rio de Janeiro e  Recife que Getúlio derrotou com facilidade.

         Atenção querido leitor, a revolta era da ANL, todavia Getúlio Vargas achou melhor colocar a culpa no PCB, por isso chamou a rebelião de Intentona Comunista de 35, nome utilizado até hoje.


 Depois da derrota da ANL  em 1935, o Partido Comunista praticamente deixou de existir, milhares de sindicalistas, intelectuais, operários e militares foram presos, incluindo Luís Carlos Prestes.

Fonte: História para o Ensino Médio Brasil e Geral
( Gilberto Cotrim)

Governo Ditatorial (1937-1945)

                                            

       Segundo a constituição, o mandato presidencial de Vargas terminava em 1938. Publicamente Getúlio Vargas  declarava que respeitaria as eleições e entregaria o poder, todavia preparava um golpe de Estado.

        Em setembro de 1937, o governo anunciou a descoberta de um terrível complô comunista para tomar o poder: o Plano Cohen.



Na verdade tratava-se de uma farsa armada pelo próprio governo, com a ajuda dos integralistas. Com o pretexto de combater  ao “perigo comunista”, Vargas decretou  o estado de guerra prendendo o maior numero de adversários possível.




          Em novembro de 1937 Getúlio mandou cercar o Congresso Nacional, impôs o fechamento do legislativo e outorgou uma nova constituição para o país substituindo a de 1934. Iniciava-se o governo ditatorial de Vargas conhecido como Estado Novo.



           Durante esse período os partidos políticos foram extintos e as eleições democráticas suspensas. Os estados brasileiros perderam sua autonomia política, ficando submetidos ao governo federal, para demonstrar que o federalismo estava morto as bandeiras estaduais foram queimadas. Além disso,  as manifestações e greves contrarias ao governo eram proibidas pela policia. A polícia comandada pó Filinto Muller, perseguiu  milhares de cidadãos, torturando, prendendo e matando.

                                           Estado Novo e Segunda Guerra Mundial

          De 1939 a 1945, o mundo foi abalado pela Segunda Guerra Mundial. Com o intuito de obter vantagens econômicas, devido ao conflito mundial, Vargas procurou manter o Brasil em posição de neutralidade. Em seu ministério havia tanto simpatizantes das potências aliadas quanto defensores das potências do eixo.

      A partir de 1941, o Brasil passou a apoiar as potências aliadas, em troca de seu apoio, o governo de Getúlio conseguiu dos EUA grande parte do financiamento para a construção da usina de Volta Redonda. De sua parte o Brasil comprometeu-se a fornecer minério de ferro e  borracha para os aliados.



      A Alemanha reagiu à cooperação do Brasil aos aliados, e ordenou que seus submarinos torpedeassem nove navios brasileiros, afundando-os e matando mais de 6 mil pessoas. Em 31 de agosto Vargas declarou guerra às potencias do eixo e enviou soldados brasileiros aos campos de batalha.





      Em 1944 partiram para a guerra as tropas da FEB ( Força Expedicionária Brasileira), mais de 25 mil soldados brasileiros participaram de diversas batalhas na Itália como as de Monte Castelo, Castelnuovo, Collechio e Fornovo.




Fonte: História para o Ensino Médio Brasil e Geral
( Gilberto Cotrim)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Fim da Era Vargas

                                                                       



        Aproveitando-se da guerra dos aliados, grupo do qual o Brasil fazia parte durante a Segunda Guerra Mundial, contra os nazifascistas, os grupos liberais brasileiros passaram a combater a ditadura de Getúlio Vargas.

        Percebendo que a onda liberal estava tomando conta do país, Getúlio Vargas decidiu liderar a abertura democrática e em fevereiro de 1945, o governou fixou o prazo para a eleição presidencial e  concedeu anistia a todos os indivíduos que foram presos por questões políticas.

        Nesse período foram organizados diversos partidos políticos como: PSD (Partido Social Democrático), PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro) UDN ( União Democrática Nacional)  PCB ( Partido Comunista Brasileiro) e PSP ( Partido Social Progressista).

          As eleições presidências foram marcadas para o dia 2 de dezembro de 1945 na qual concorreriam três candidatos, são eles: Eurico Gaspar Dutra do PSD e PTB, que contava com o apoio de Vargas, Eduardo Gomes da UDN e Yedo Fiúza do PCB.

        Embora apoiasse Dutra, Getúlio Vargas estimulava um movimento popular  às escondidas, que pedia sua permanência no poder .Esse movimento ficou conhecido como queremismo e recebeu o apoio de membros do PTB  e do PCB.

         Temendo que Vargas continuasse no poder e impedisse a realização da eleição presidencial, os membros da oposição uniram forças para derrubá-lo da presidência.  No dia 29 de outubro de 1945 o exercito cercou a sede do governo e obrigaram Vargas a renunciar.


      A presidência foi entregue temporariamente a José Linhares.  Era o fim do Estado Novo!


Getúlio foi afastado do poder e não recebeu punição alguma. Ao termino das eleições o general Dutra, que recebeu o apoio de Vargas, saiu vitorioso.

Fonte: História para o Ensino Médio Brasil e Geral
( Gilberto Cotrim)

sábado, 30 de julho de 2011

A Carta I

Carta testamento de Getúlio Vargas

A Carta Testamento de Getúlio Vargas é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas horas antes de seu suicídio, em 24 de Agosto de 1954.




Existe uma nota manuscrita do suicídio, e um documento datilografado "Carta Testamento", da qual se conhecem três cópias, que foi lido em seu enterro por João Goulart, porém, existe uma grande polêmica quanto à autenticidade do texto datilografado.




"Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da minha morte. Levo o pesar de não haver podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa. Acrescente-se a fraqueza de amigos que não me defenderam nas posições que ocupavam, a felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês e a insensibilidade moral de sicários que entreguei à justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país, contra a minha pessoa. Se a simples renúncia ao posto a que fui elevado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria ensejo para com fúria, perseguirem-me e humilharem. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao senhor, não de crimes que contrariei ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus. Agradeço aos que de perto ou de longe trouxeram-me o conforto de sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde....

Fonte: www.sohistoria.com.br